O príncipe da prisão

"Quem dirige o mundo?"

O grande e esperançoso humanista já se encontra em um túnel sem saída, os humanos fizeram-se máquinas, as máquinas feitas seres humanos. Agora?... Já não se separam por maior esforço que haja.
A esperança já não é o bastante, não sustenta nenhum sonho... O discurso já não se faz como outrora, a fala já não se faz em tom eloqüente, o ideal já parece não mais tão ideal assim, a lição já ensina a vida.
O adorar das manhãs frias e solitárias se repetem até mesmo nos verões, o caminho agora para ser uma longa avenida sem rotas alternativas, sem

acostamento ou sinalização, não sabe se bem ao certo aonde ela termina, ou se a carona quando precisarmos será um recurso... Isso se já não estivermos no banco do passageiro, guiados por quem? Aquele que já não mais se esconde de dia, agora não mais reina na noite, as manhas agora também são suas. Ele é o príncipe que controla toda a prisão, sua arma não mais mata, seu exercito agora é oculto.
Diriam os sábios que é chegada a hora quando necessário? E se realmente não a fosse? E se a vida ensina-se a lição? Será que o conservador se encantaria com a garota da esquina, ou o pai de família com a fome transparecendo nos olhos de seu filho?
Os heróis não passam agora de contos de terror... Quem gosta de contos de fadas? A historia do futuro é o que importa, o passado nada mais é do que papeis inúteis e ecologicamente incorretos...
Já os trens, não mais se locomovem... Isso mesmo, o maquinista de chapéu d’ouro, conduziu-nos para o futuro, não mais se vive o presente... E se o futuro imita-se os filmes? Ou será que os filmes são o futuro. Este maquinista maluco! Ao menos seu nome conheço... Maquinista, seu trem é de pneus, sua fumaça é de fogo, as janelas são grades... A paisagem que agora vejo é conduzida a objetividade e a singularidade. O trem... Apagou a historia com seus pneus.
E dirá finalmente o sábio quando chegada a hora,
O maquinista já vos conduz...


Taboão da Serra, 04 de junho de 2010


Bruno Lima